O que é e para que serve o processo de Valuation?
Valuation é o processo de avaliar o valor de uma empresa para a venda ou fusão do seu negócio e auxiliar em tomadas de decisões importantes na operação.
É uma atividade que utiliza técnicas de avaliação para maximizar a utilização dos dados observáveis, ou seja, aquilo que conseguimos enxergar quantitativamente para se calcular o preço de um ativo ou de um passivo. Quem é muito utilizado em operações de M&A (fusões e aquisições) Venda de ativos ou passivos de forma isolada. Seu objetivo, quando aplicado para estes fins de negociação, é ajudar a reduzir o embate na percepção de valor entre as partes, onde por exemplo, o comprador desvaloriza eu vendedor super avalia. ou até mesmo para alinhamento de interesses:
- um empresário possui uma indústria onde recentemente atualizou e modernizou o seu parque industrial e foca neste ponto para determinar o valor de seu negócio, enquanto na outra ponta, existe um investidor você quer entrar no negócio ou até mesmo no país e se interessa apenas na carteira de clientes ou até mesmo mirando na própria marca, ou seja, focos diferentes que muitas vezes não faz o menor sentido para quem está do outro lado da negociação, portanto, o valuation serve para maximizar estas percepções de valor e chegar em um ponto comum.
Um outro ponto de vista que o valuation é bastante utilizado, é para fins estratégicos, onde pode ser utilizado para a tomada de decisões em diversas situações, como por exemplo, Para alinhar com os executivos da empresa, quais as premissas principais que deverão seguir para aumentar o valor para os cotistas ou acionistas da empresa, sempre analisando aquilo que a companhia já tem atualmente (fato histórico) , e qual a percepção de mercado em relação à empresa. Com isso , definiremos as premissas utilizando diversas análises, como o “fluxo de caixa descontado”, “múltiplos de valores”, até mesmo determinando o valor patrimonial da empresa, ajustado ao valor de mercado atual, enfim, existe uma série de metodologias que podem ser empregadas para determinar o que é chamado de “valor justo” da empresa.
Esse processo de comparar o que a empresa tem hoje e o que o mercado vem fazendo ou como a empresa reage em relação ao mercado, é muito rico para a empresa, pois auxilia os gestores a analisar se a companhia está alinhada ao que o mercado vem praticando ou se o seu planejamento estratégico está focado em premissas que não geram tanto valor para a companhia pois isso pode gerar desperdício de tempo e recursos.
Algumas empresas utilizam o valuation, até como ferramenta de avaliação de performance de executivos.
Valuation é tratado no pronunciamento contábil CPC 46, onde determina o valor justo, e se aborda 3 técnicas de avaliação:
1º abordagem: Alinhamento do Mercado
- Determina que o preço e as informações são vindas do “mercado idêntico ou comparável”, então é utilizado a comparação direta, onde buscamos múltiplos de transações comparáveis, ou seja, uma empresa com características semelhantes que já tenha sido envolvida em uma transação de M&A, e consideramos que aquele valor pago a ela, possivelmente será pago pela minha empresa, em uma possível transação e nessa situação, é utilizado o que chamamos de “múltiplo”, que pode ser um “múltiplo do faturamento” ou um “múltiplo do EBTIDA”, determinando quantas vezes aquele múltiplo expressa o valuation da companhia.
Também nesta abordagem, o ativo é comparado com mais de uma empresa ou ativos de mercados de atuação.
É bastante utilizada para transações de ativos isolados, por exemplo, a venda de um veículo que utiliza como média do setor, a tabela Fipe.
2º abordagem: Custo
Está abordagem apresenta 2 metodologias, onde a primeira é a avaliação do valor contábil, ou seja, é determinado para valuation, o valor histórico descontada a depreciação de seus ativos. Normalmente, essa metodologia é utilizada para empresas que por algum motivo não geram mais caixa ou estão paralisadas.
A segunda metodologia, é o valor contábil ajustado a preço de mercado e é muito utilizado para apurar qual o valor do patrimônio líquido da companhia em caso de saída de um sócio, ou dissolução de sociedade, nos casos que não consta o valor real no contrato social. Para estes casos, o código civil menciona que o balanço de determinação, ou seja, um balanço baseado no contábil é levantado especialmente para aquela operação, balanço este que não será escriturado para o ponto de vista fiscal, mas deverá ser feito com o objetivo de apurar o valor do patrimônio da companhia a valor de mercado. Neste tipo de avaliação , são avaliados os ativos monetários, os não monetários (imobilizado e intangível), onde através das regras constantes na NBR 14.653 (normas técnicas criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas) que determina como devem ser avaliados os ativos imobilizados e através do CPC 04-R1, serão mensurados os ativos intangíveis. Com isso teremos no lado ativo, todos os ativos trazidos a valor de mercado e no lado passivo, com base em relatórios emitidos por escritórios de advogados ou após uma Due Diligence, teremos também o valor dos passivos atualizados, considerando também os passivos contingentes que são prováveis de acontecer.
O ativo menos o passivo, resultará no patrimônio líquido (A-P=PL), que será o que determina o valor da companhia, ajustado ao valor de mercado.
3º abordagem: Receita
A última abordagem tratada no CPC 46, é a abordagem da receita, que menciona da expectativa da geração de caixa futura da companhia, ou seja, analisamos a capacidade de geração de caixa da empresa.
Essa metodologia, é utilizada para empresas que geram caixa e é a que melhor expressa o valor da companhia, além de ser a que mais tem premissas para chegarmos no cálculo do valor justo, onde através da análise do histórico da empresa, conseguimos identificar como a empresa reagiu economicamente com o mercado, determinamos as premissas para a projeção da DRE e do fluxo de caixa, e trazemos toda essa geração de caixa a valor presente, ou seja, a empresa vale o quanto ela realmente tem hoje, que é capaz de gerar caixa de acordo com a economia e a sua evolução.
A metodologia do fluxo de caixa projetado e trazido a valor a valor presente, é a que representa o valor mais justo para uma companhia, baseado na ciência que se aplica e no conjunto de premissas utilizadas, onde com base em dados econômicos históricos e futuros, verifica-se a capacidade de geração de dinheiro que a empresa realmente possui.
Tem uma transação de M&A, não existe a metodologia mais certa, pois tudo é questão de negociação, porém essas ferramentas ajudam a direcionar essas transações para um consenso mais justo tanto para o vendedor quanto para o comprador, obviamente analisando em conjunto com o momento e necessidades para ambos.
Para elaboração do valuation de sua empresa, não existe problema nenhum se este trabalho foi desenvolvido internamente, principalmente para objetivos internos, como por exemplo, avaliação de desempenho de executivos, porém para uma transação de M&A, o mais adequado é que este trabalho seja feito por consultores independentes para evitar que a utilização de dados incertos e “vícios” dos administradores, sejam aplicados ao trabalho.
Desta forma, quem estiver elaborando a análise, irá consolidar os dados históricos com as informações setoriais, tendo assim dados mais fidedignos a operação e mercado, além disso com a experiência dos consultores, a análise dos dados e premissas tendem a ficar mais factível com a realidade do mercado para se evitar aborrecimentos futuros em caso de uma transação, pois o papel dos consultores também é analisar se não existe nenhuma premissa inatingível na coleta dos dados utilizados para o trabalho.
Janeiro/2020